O Evangelho é o Poder de Deus para salvação

Este é uma adaptação de uma aula do livro que estou preparando para a Escola Bíblica Dominical da nossa Igreja, baseado no livro de Romanos.

Romanos 1.16 Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego;

Não há vergonha no Evangelho porque não há nada nele indigno, nem algo que nos faça sentir pena ou incapacidade para compartilhar dele. Se temos essa dívida enorme com os que não conhecem o Evangelho, não devemos pensar que esta é uma mensagem qualquer. Para Murray “o sentimento de vergonha com relação ao evangelho, ao ser confrontado com as pretensões da sabedoria e do poder humanos, deixa transparecer incredulidade na verdade do evangelho; e a ausência de tal vergonha serve de comprovação à fé (cf Mc 8.38; 2 Tm 1.8)

Para Calvino, a afirmação “não me envergonho do Evangelho” deixa implícita a ideia de que essa mensagem era “desprezível aos olhos do mundo”. E assim deveríamos nos preparar para suportar “os sofrimentos provenientes da cruz de Cristo, para que não viessem subestimar o evangelho ao verem-no exposto à cólera e ao menosprezo dos ímpios” 

O Evangelho, a Boa Notícia de Deus em Cristo, é a manifestação do poder de Deus para salvação de todo aquele que crê (Jo 3.16), sendo ela para todos, sem distinção, através do Evangelho. O Evangelho proclama a Encarnação de Jesus como a manifestação da Graça e Salvação do Senhor sobre seu povo, sua morte pelos nossos pecados como o Cordeiro de Deus, e a sua ressurreição como manifestação da Sua Divindade e total vitória sobre o pecado e os poderes das trevas (1 Co 15.3,4). 

O poder do Evangelho está no tema: Cristo, e este crucificado (1 Co 1.17-24); e também no poder que acompanha a mensagem: o Espírito de Deus, que capacita o crente (Atos 1.8) e convence o mundo de pecado, justiça e juízo (Jo 16.8-11); e do Pai, quem enviou o Filho para ser o nosso Substituto. 

O Evangelho é salvação, e não podemos fugir do seu tema. Somos salvos da Ira de Deus (1 Ts 1.10) e das suas consequências. A salvação é liberdade: somos livres da condenação, e assim podemos cultuar a Deus com todo o nosso coração. Por outro lado, a salvação é serviço: somos servos de Deus, comprados para Ele pelo preço da vida do Seu amado Filho, para amar, cultuar e servir ao Senhor da nossa vida, porque não vivemos mais para nós mesmos, mas para Aquele que nos resgatou (Ap 5.9,10; 2 Co 5.15).

Esse era o sentido da liberdade que pedia o povo de Israel a Faraó (Êx 7.16) e é a que temos em Cristo. O Evangelho testemunha do preço que foi pago pela nossa liberdade, e do que devemos fazer para termos a vida eterna. 

Não há como nos envergonhar disso! 

John Stott fala de dois fatores nestes três versos (1.15-17) que lhe davam desejo de evangelizar Roma: “o reconhecimento de que o evangelho é uma dívida não paga para com o mundo e de que ele é o poder de Deus para a salvação. O primeiro lhe despertava um senso de obrigação (ele havia sido incumbido das boas novas) e o segundo um senso de convicção (se ele fora salvo pelo evangelho, este podia também salvar a outros)” 

Aplicação para hoje 

Vemos com tristeza que alguns cristãos preferem não pregar o evangelho por medo ou vergonha. Até que ponto as palavras e argumentos dos apóstolos devem nos encorajar a sermos mais corajosos? 

Numa sociedade onde “é proibido proibir” e ao mesmo tempo “os intolerantes não serão tolerados”, o Evangelho penetra com força e se torna ofensivo para alguns ouvintes. Como podemos vencer o sentimento de evitar compartilhar uma mensagem que pode nos afastar de amizades e família?

Comentarios