Igreja - uma comunidade de reconciliação

 2Co 5:18-21  Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,  (19)  a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.  (20)  De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.  (21)  Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.

Volta e meia lemos e presenciamos discussões que tentam polarizar, dividir. Aliás, esse termo polarização me lembra aquele experimento que uma vez fizemos na aula de Ciência quando criança: quando uma barra de imã se coloca no meio de uma mesa cheia de pó de ferro, vemos como o pó começa a se alinhar nos polos, se distanciando um ao outro, como vemos na imagem a seguir.

Isso é a polarização, tende a separar, afastando uns e outros da comunhão, do convívio, da paz.

Parece que pensar diferente se transformou na intolerância, "ser intolerante com quem pensa diferente" se transformou na moda. Algo que vemos muito na sociedade presente.

Mas, e a Igreja? Como devemos atuar nesta época?

Nós não somos Imãs, somos a Embaixada do Reino de Deus, que proclama aos quatro ventos que o nosso Rei vive, que conclama a todos a uma reconciliação com o Pai, porque o pecado nos separou eternamente dele, e o único meio dessa paz oferecida está através do Filho, quem morreu na cruz para pagar o preço da nossa condenação, dando sua vida para nos resgatar, para trazer a paz com Deus.

Podemos dizer que essa é a Primeira Reconciliação, na qual Paulo escreve aos Coríntios: em Cristo, somos reconciliados com o Pai.

Porém, há uma Segunda Reconciliação, que é tão preciosa e graciosa como a Primeira, e desta é gerada, porque é consequência natural.

Efs 2:13-20  Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo.  (14)  Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade,  (15)  aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz,  (16)  e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade.  (17)  E, vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe e paz também aos que estavam perto;  (18)  porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito.  (19)  Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus,  (20)  edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular;

Em Cristo, os seres humanos antagônicos se unem, mas não num relacionamento forçoso, mas na reconciliação. Por causa de Jesus, aquele que pensa diferente de mim pode ser meu irmão. Paulo escreve aos Efésios que, agora em Cristo, um judeu e gentil podem sentar na mesma mesa de comunhão, não mais como povos separados, mas como um povo, a Igreja de Cristo.

O próprio Jesus nos deu exemplo na escolha dos Doze: Mateus trabalhava para o Império Romano; Pedro, André e João eram empresários, e pagavam impostos a Roma; além que Simão (o outro) era do partido dos Zelotes, que odiavam os romanos, e tentavam, por todos os meios possíveis, que saíssem da Terra Santa. Os três grupos teriam motivos suficientes para se odiarem: Simão o Zelote contra Mateus, por causa do seu passado romano; os empresários contra Mateus, por causa dos altos impostos cobrados; e Mateus contra eles por causa das acusações.

Mas, em Cristo, eles foram chamados a andar com Ele, a viver nele, a comer com Ele. Sabendo que, enquanto o nosso olhar estiver fixo em Jesus, eu posso ver meu irmão com o olhar tenro e amoroso do Senhor, e saber que, acima das diferenças, ele é meu irmão. 

Posso abraçar, comer e adorar junto a irmãos que têm ideias diferentes sobre diversos aspectos, e somos felizes quando vemos a multiforme graça de Deus, que alcançou um pecador como eu, assim como ao meu próximo. Nos tornando um, algo que pode ser impensável numa sociedade tão polarizado como a presente.

Aqui vale a pena ressaltar um detalhe sobre a unidade, Efésios 4 nos mostra que devemos ter unidade de fé (v 5), assim que as heresias e falsos ensinos não podem ser aceitos pela Igreja. A denuncia e expulsão dos hereges faz parte da vida eclesiástica, e não podem participar da mesa do Senhor aqueles que, obstinadamente, insistem em ter uma vida de pecado (1 Coríntios 5; 2 João 1.10,11).

Porque toda liberdade precisa de limites, senão seria libertinagem.

A Igreja é a comunidade da reconciliação integral, porque reconcilia o homem com Deus, e reconcilia o homem com o próximo. Restaurando as relações rompidas pelo pecado, no Poder do Espírito e pela obra de Jesus na cruz. Não há distinção para aqueles que estão em Cristo. Andemos em amor

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