Preservando a vida dos que amamos

Nesta última semana, observamos com resignação o aumento no número de casos de Covid na nossa cidade. Coincide com o fim da campanha eleitoral, e por isso não gerou surpresa, porque era algo esperado. 

Muita dor pelos doentes, dor pelos óbitos que se acumulam, dor pela ignorância e teimosia de muitos, que acham que tudo isto passa de piada.

Nos próximos dois finais de semana, nossa Igreja voltará aos níveis de restrições que tivemos no começo das aberturas dos cultos. Não porque a nossa comunidade de fé fez algo errado, pelo contrário, temos mostrado e demostrado que é possível termos um comportamento exemplar de cuidado mutuo, preocupação com o próximo e restabelecimento paulatino das nossas atividades, com segurança e amor, entendendo que as mudanças são estabelecidas para preservar e construir um novo tempo dentro do nosso convívio.

Chegamos a ter nas nossas reuniões amados irmãos que fazem parte do grupo de risco, e pela misericórdia de Deus não apresentamos casos nem suspeitos nas últimas semanas. O que é uma confirmação de que estávamos tomando decisões sensatas, onde os membros da Igreja fizeram sua parte de responsabilidade e cuidado. A toda a família PIB Bicas, meus parabéns!

Mas, hoje nos vemos na imperiosa necessidade de fechar as portas aos idosos e população de risco por uma situação alheia a nossa incumbência e ação. Não é a minha intenção colocar responsabilidades nos principais atores deste aumento de casos, porque eles devem ter ciência das suas ações e consequências, mas o meu desejo é exteriorizar minha preocupação com a realidade da nossa cidade, e as medidas assumidas como Igreja, de uma maneira autônoma e independente como deve ser, em plena concordância com a realidade do momento.

Alguns poderiam pensar, numa ousadia que beira a irresponsabilidade, que a Igreja não deveria fazer isso, que o virus não afetará ao que é filho de Deus, e que o Senhor guarda e livra aos que são fieis a Ele. Para eles, quero que leiam, mais uma vez, o post que escrevi quando entramos em quarentena (faça clique aqui) porque não dá como seguir pensando que podemos tentar ao Criador e sermos livres das consequências das nossas decisões.

Não fecharemos as portas do Templo, mas todos devemos manter a responsabilidade, assim como na Lei se tomaram medidas sanitárias para impedir epidemias, ou no Novo Testamento se chamava às famílias a responsabilidade no cuidado das viúvas, ou quando Paulo escreveu aos Tessalonicenses que o trabalho era necessário para comer, mesmo que é Deus quem providencia para todos. A ação prudente da Igreja em situações como esta são um reflexo da nossa confiança em Deus: a segurança de agir sabendo que somos guiados por Ele, não somente olhando para o presente, mas com perspectiva de futuro, sabendo que o nosso Senhor nos guiará sempre.

O que não podemos fazer é cair no jogo do desespero, da falta de confiança, ou em acreditar na ilusão de que nada disto é real, e que tudo não passa de uma miragem. Ambos os extremos devem ser descartados, foquemos na eternidade, no Eterno Deus, quem é o Senhor da Igreja.

Paulo, no meio da tormenta, recebeu o anjo de Deus, e este lhe contou que ninguém dos que estavam no barco morreriam (Atos 27.23,24). Agora, a conclusão lógica do apóstolo, no meio do vendaval, era a seguinte:

Portanto, senhores, tende bom ânimo! Pois eu confio em Deus que sucederá do modo por que me foi dito. Porém é necessário que vamos dar a uma ilha. (Atos 27:25-26)

E, num momento de angústia, quando os marinheiros pensavam em fugir, Paulo fala com o centurião

Procurando os marinheiros fugir do navio, e, tendo arriado o bote no mar, a pretexto de que estavam para largar âncoras da proa, disse Paulo ao centurião e aos soldados: Se estes não permanecerem a bordo, vós não podereis salvar-vos. Então, os soldados cortaram os cabos do bote e o deixaram afastar-se. (Atos 27:30-32)

Depois, quando a fome começou a bater com força na tripulação, ele os encoraja a comer

Enquanto amanhecia, Paulo rogava a todos que se alimentassem, dizendo: Hoje, é o décimo quarto dia em que, esperando, estais sem comer, nada tendo provado. Eu vos rogo que comais alguma coisa; porque disto depende a vossa segurança; pois nenhum de vós perderá nem mesmo um fio de cabelo. Tendo dito isto, tomando um pão, deu graças a Deus na presença de todos e, depois de o partir, começou a comer. Todos cobraram ânimo e se puseram também a comer. (Atos 27:33-36)

No final, quando encontraram a ilha, a decisão de preservar as vidas foi a mais prática possível

Dando, porém, num lugar onde duas correntes se encontravam, encalharam ali o navio; a proa encravou-se e ficou imóvel, mas a popa se abria pela violência do mar. O parecer dos soldados era que matassem os presos, para que nenhum deles, nadando, fugisse; mas o centurião, querendo salvar a Paulo, impediu-os de o fazer; e ordenou que os que soubessem nadar fossem os primeiros a lançar-se ao mar e alcançar a terra. Quanto aos demais, que se salvassem, uns, em tábuas, e outros, em destroços do navio. E foi assim que todos se salvaram em terra. (Atos 27:41-44)

Se cumpriu a palavra de Deus, todos se preservaram, porém algumas ações foram feitas visando a preservação das pessoas.

O que vemos neste texto, que Deus, para cumprir seus propósitos, coloca sabedoria nas pessoas, para que tudo ocorra de acordo com seu desígnio. A prudência nas sugestões de Paulo, a praticidade do centurião, a provisão do trigo no barco, tudo contribui para que todos se salvassem.

Hoje, estamos no barco no meio da tempestade. E queremos preservar o maior número de pessoas, devemos agir confiantes em que Deus nos guiará no meio dos ventos até encontrar uma ilha, enquanto isso lutemos lado a lado, para que nenhum de nós pereça. 

Estamos juntos, vamos vencer em nome de Jesus!

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