A Nova e Velha Igreja - Reflexões num domingo de quarentena #coronavírus


Esta semana tive que entrar no Templo da nossa Igreja, o bombeiro hidráulico esteve mexendo num dos banheiros, e assim me senti na liberdade de entrar na nossa área de reunião. O fiz desde o púlpito, daí olhei as filas dos bancos e das longarinas, todas em ordem, todas vazias.

Por um momento vi os membros da Igreja sentados, conversando animadamente, e aguardando o culto inicial, com essa fala mansa e agradável, eu mesmo ia passando, estendendo minhas mãos e conversando apressadamente para alcançar a todos antes da hora iniciar. Imaginei o nosso singelo louvor, com os Hinos e Louvores que exaltam ao nosso Deus. Após isso a mensagem e o final.

Subi ao Batistério, e lembrei dos últimos Batismos, foi em Setembro passado. Olhei para as filas vazias e lembrei dos risos e das alegrias pelos novos membros, as famílias reunidas ao redor e os abraços posteriores.

A saudade foi enorme, porque também votamos pela reforma do Templo, uma reforma que hoje se vê distante, porém necessária se aproveitarmos o tempo de Deus neste período de confinamento.

Porque, precisamos entender que o jeito de ser Igreja em que estivemos envolvidos nos últimos anos mudará após tudo isto. Não o conceito bíblico sobre a nossa União com Cristo e a comunhão com os irmãos, mas a liturgia e as prioridades. Enfatizamos tanto os cultos que nos esquecemos da comunhão e da vida em comunidade, não temos tempo para formação e discipulado, e conversões e batismos deveriam ser mais recorrentes no nosso meio.

Por isso, acho que devemos pensar numa Nova Igreja, que na verdade seria a Velha Igreja.

  • A Nova Igreja - a Igreja que surgirá após este confinamento e pandemia - deve ser muito diferente da que estamos costumados.
  • A Nova Igreja - a Igreja que se levantará antes de que as portas do Templo sejam abertas - será mais com a Velha Igreja que está no Livro de Atos.

Por que? Porque nos primeiros 8 capítulos de Atos vemos uma Igreja que começou com 120, e chegou a ter 5000 membros, todos atuantes e poderosos no Senhor.

Através destes pontos, que vou somente a citar sem entrar a aprofundar neles, são a base da eclesiologia que devemos seguir daqui em diante.

  • Uma Igreja que depende da oração para receber a Promessa do Pai, acima das promessas humanas (Atos 1.4; 8; 14)
  • Uma Igreja que aguarda com paciência o Iminente Retorno do Senhor, ao invés de estar esperando melhoras neste mundo corrompido (Atos 1.6-11)
  • Uma Igreja que entende que, acima das diferenças de opiniões e gostos, estão unidos em Cristo, e precisam do Senhor mais do que a vida (Atos 2.1).
  • Porque prega no Poder do Espírito e na Autoridade das Escrituras, e tem o desejo de ver vidas rendidas aos pés de Jesus, confrontando-as pelos pecados cometidos, e apontando Jesus como o Salvador, persuadindo os homens a se encontrarem com Deus (Atos 2.2-42; 3; 4.23-31; 5.12-16; 6.7)
  • Não há egoísmo nem senso de sobrevivência fundamentado no egoísmo, mas no ensino apostólico e a pratica do bem estar de todos os membros da comunidade (Atos 2.42-47; 4.32-37)
  • Uma Igreja que não tem medo de se enfrentarem às autoridades que os impeçam de compartilhar o Evangelho, porque sabem não somos deste mundo (4.1-22; 5.17-41; 6.8-7.60)
  • Porque o pecado será manifesto, e o próprio Senhor fará sua peneira dentro do povo (5.1-11)
  • Uma Igreja que, mais do que esperar que alguém faça tudo, aprende a viver no exercício dos dons espirituais que Deus lhes concedeu pela Graça (5.42)
  • Uma Igreja que que entende que o espírito de serviço não lhe foi dado somente aos Presbíteros, mas a todos, usando membros da igreja para abençoar outros (6.1-6)
  • Porque, no meio da opressão, não cessam de pregar onde estiveram, operando no Poder do Senhor (8)
Esses pontos devem ser o Norte da Igreja hoje, assim como estamos, confinados e trancafiados.

Antes de tudo isso, os discípulos estiveram também trancafiados, de portas fechadas, não por causa de um coronavírus, mas por medo dos judeus. O que fez a diferença?
Ao cair da tarde daquele primeiro dia da semana, estando os discípulos reunidos a portas trancadas, por medo dos judeus, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: "Paz seja com vocês! " Tendo dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se quando viram o Senhor. Novamente Jesus disse: "Paz seja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu os envio". E com isso, soprou sobre eles e disse: "Recebam o Espírito Santo. Se perdoarem os pecados de alguém, estarão perdoados; se não os perdoarem, não estarão perdoados". João 20:19-23
A presença de Jesus, e o Espírito enviado pelo Pai. A Bendita Trindade, que garante o sucesso da Igreja perante as portas do inferno.

O que fazer então? Não podemos abrir a Igreja, mas podemos multiplicar a Igreja como o fermento faz crescer a massa na escuridão, mudando tudo no silêncio, porém com o poder que está dentro de nós (embora não seja nosso), o Espírito Santo.

Está na hora de voltar às nossas origens, não às origens da fundação do nosso Templo, mas da fundação da Igreja, os direcionamentos de Cristo e a vida apostólica do Livro de Atos.

Quer me acompanhar? É a nova série dentro deste blog.

Que Deus abençoe sua vida

Comentarios

Anónimo dijo…
Deus seja louvado por tão competente visão pastor Roberto. Sejamos a igreja de Cristo, conforme a sua instituição, nos tempos de hoje. Com o mesmo propósito propósito para o qual existimos.