Vale a pena a Igreja Local? 4 razoes que me levam a pensar que SIM!


Neste tempo em que estamos todos em casa, e que podemos ter acesso a tantas mensagens, cultos, músicas, blogs e publicações que podem edificar a nossa vida de maneira virtual, parece que a Igreja Local começa a perder parte do seu sentido e razão de existência, e poderia se dar o caso de aumentar o número dos chamados desigrejados após todo este surto. Porém, eu acredito que a presença da Igreja Local será mais pertinente após este processo acabar, e deve fortalecer em nós um conceito mais neotestamentário da nossa Eclesiologia.

Prometo ser breve, porque este assunto é extenso.

O caráter de Deus

Deus é comunidade, vemos isso na Trindade, na comunhão perfeita das Três Pessoas do Único Deus. Essa unidade é o nosso alvo como unidade da Igreja, e podemos ver isso na oração de Jesus em João 17, e no pedido de Paulo aos Efésios nos primeiros versos do capítulo 4.

Além disso, Deus chama a um povo para se tornar dele, participando da sua comunhão, e Ele sempre os chamou a participarem numa jornada onde não haveria solidão: não era somente a Presença do Senhor quem nos acompanharia, mas vemos sempre que temos pessoas ao nosso lado que nos servem de apoio. Jesus enviou seus discípulos em duplas para pregar o Evangelho, e ao mesmo tempo multiplicar essa dupla fazendo outros discípulos. 

Deus nunca esteve sozinho antes da Criação, nunca será a vontade de Deus que estejamos sós. A Igreja nos ajuda a olhar para o próximo como irmãos.

A centralidade em Deus

O Culto tem como centro a Pessoa do Senhor. Em João 4, no diálogo de Jesus com a mulher samaritana, o Mestre fala que o Pai pode ser adorado em qualquer lugar, sem a necessidade de uma liturgia, mas fundamentada em Cristo como o Verbo de Deus (adorar em espírito e verdade). Se olharmos o texto isoladamente, podemos ver uma justificativa para não nos congregar mais, mesmo assim o próprio Jesus pede para que seus discípulos permanecessem em Jerusalém juntos, até receberem o Poder do Espírito (Lucas 24, Atos 1). A Igreja, uma vez revestida de Poder, não se separou, mas sempre permaneceram juntos, por causa da centralidade de Cristo nas suas vidas, o amor do Pai e a comunhão do Espírito nos seus corações.

Este ponto tem muito a ver com o primeiro: se Deus é comunidade, e o culto é centrado em Deus, pois devemos cultuar a Deus em unidade. Mesmo que tenhamos todas as ferramentas a nossa disposição para ter um culto particular prazeroso, nada supre o louvor comunitário, ouvir a mensagem ao vivo, e ter um tempo em que as pessoas oram, pessoalmente, uns pelos outros.

A natureza da Igreja

A Igreja foi chamada a ser um Corpo, de toda tribo, língua e nação, chamados a fazermos parte do Corpo de Cristo, e a andar em unidade como membros da família de Deus.

As figuras e representações da Igreja sempre mostra a ideia de unidade: corpo, casa, templo; sempre com o intuito de mostrar que, mesmo sendo diferentes, quando unidos somos complementares e harmoniosos. Isso aplica à Igreja Universal, espalhada nos quatro cantos da terra; como as Igreja locais como a Igreja dos Coríntios (caps 1 e 11).

Como membros da família de Deus, devemos sentir a alegria de reunirmos com os nossos irmãos, e ver o Culto ao Senhor como um tempo em que, adoramos ao Pai como irmãos uns aos outros, e servimos uns aos outros.

O livro de Atos ressalta muito a natureza compassiva e solidária da Igreja com os seus membros através de várias qualidades.
  • Unidade na oração.
  • Unidade no compartilhar da Palavra.
  • Unidade no partir do pão.
  • Unidade em visitar uns aos outros.
  • Unidade em olhar para as necessidades dos outros.
  • Unidade para a resolução de conflitos.
  • Unidade na comunhão.
É possível que este caráter humano da Igreja tenha se diluído um pouco por causa do nosso desejo de sair apressadamente após os cultos, impedindo de fomentar a comunhão entre os membros da família da fé. Mas, essa aparente carência pode se tornar a nossa fortaleça após esta tormenta, porque vamos querer abraçar todo mundo, compartilhar e trocar experiências, orar e saber das necessidades dos outros para sentir o aconchego de família que devemos ter.

A Igreja vive para adorar a Deus, e servir às pessoas.

A natureza escatológica da Igreja

Por último, não podemos deixar de pensar que, na Nova Jerusalém, estaremos todos reunidos, na Presença do Senhor e do Cordeiro, junto com todos os nossos irmãos que, ao longo da história e da geografia, também são filhos de Deus pela fé em Cristo.

Quem faz parte desse Corpo maravilhoso, deve ver em cada culto um preparo para os dias em que louvaremos a um Deus que contemplaremos face a face, junto com pessoas de toda tribo, língua, nação. 

Conclusão

Eu acredito que estamos revendo conceitos sobre Igreja e Corpo durante este período. Entender que o local deve ser mais aberto e aconchegante para as pessoas, não no sentido físico, mas no "calor humano" que podemos lhe dar quando entendemos que Deus deseja que sejamos um, assim como Ele é Um; que centralizemos nosso culto e louvor a Ele, mas estendendo as nossas mãos ao próximo para que possamos andar juntos; que lembremos que somos um reflexo da Unidade do Senhor quando agimos como Corpo, e que tudo isto é um preparo do que acontecerá no céu.

Eu estou com muita saudade de voltar à Igreja Local, e você?

Que Deus abençoe sua vida.

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