Em estos momentos de pandemia, onde as pessoas estão confinadas em casa, corremos o risco de nos "acomodar" nesta situação no sentido negativo: querer que todas as coisas sejam feitas no modo "delivery" assim que a quarentena acabar: a escola, o emprego, as compras, o entretenimento e inclusive a igreja.
Como seria isso? Pois, visto que todas as coisas são entregues em casa através do delivery, do streaming ou pela internet, vamos preservar essa nova prática de vida, porque acabou sendo mais cômoda para nós.
Como isso nos afeta? Isolados, temos a tendência de pensar na nossa sobrevivência acima do bem comum. E vamos alimentando pensamentos e desejos egoístas que, pelo convívio e a comunhão dentro da sociedade, ficaram adormecidos ou emudecidos. E no momento em que este isolamento se torna maior, podemos alimentar fobias ou medos para sair e nos relacionar, ou podemos, simplesmente, aceitar a "nova realidade" e permanecer assim, porque a menor relacionamento com as pessoas, menos confronto, menos briga, menos dilemas.
Também ocupamos nosso "tempo vago" com outras atividades e hobbies nestes dias, o que pode criar que tempos de qualidade e de atividades comunitárias foram preenchidos por atividades individualistas. O exemplo mais simples é o se congregar: neste momento de isolamento, eu não sou obrigado a "participar" dos cultos na hora corriqueira, pudendo assisti-lo posteriormente. O que pode, no fim da jornada, criar em mim a desnecessidade de voltar à Igreja, e pedir ao Pastor que grave as mensagens via redes sociais para assistir quando quiser.
Tempos de isolamento são tempos que alimentam o nosso egoísmo, nos tornando acomodados com as circunstâncias.
O que eu penso disso? Que corremos o risco que o nosso egoísmo acaba nos governando de maneira total, olhando para o comodismo como uma maneira de nos sentir mais confortáveis, mais seguros e mais donos de nós mesmos, nos afastando do relacionamento com o próximo, da vida em comunidade, e perdendo assim, paulatinamente, a nossa dependência do Senhor.
É verdade que devemos preservar a vida, mas não a nossa. O cristão entende que, se é para ficar isolado, não é para preservar sua vida, é para evitar que outros sejam infectados, e assim preservar o outro. Um cristão tentará ser fiel no muito e no pouco, fazendo ajustes necessários na sua vida nesta hora, e ao mesmo tempo preservando o senso comunitário e de compromisso social que devemos ter.
Não podemos permitir que o egoismo tome conta das nossas vidas no isolamento. Algumas pessoas apresentam transtornos no sono nestes dias, outros confundem as datas porque tudo parece igual, mas Deus não muda. A certeza que Ele está no controle de todas as coisas deve encher minha vida de esperança, e preparar o meu coração para o que virá.
Não veja este tempo como um sabbath shalom enquanto a servir ao Senhor e o congregar. Mantenha a fidelidade nos horários estabelecidos pela sua igreja local, não se deixe levar pelo espírito comodista de hoje. Mesmo estando confinados, devemos preservar a nossa vida devocional, e pregar Cristo a cada criatura, fazendo uso das ferramentas que Ele nos concedeu nesta hora.
Não se acomode, este é um tempo de Deus para nós, tempo de prostrar nossas vidas perante Sua Majestade, de confissão de pecados, de humilhação, e de continuar sendo Igreja.
Você e eu, sozinhos, não somos a Igreja. Igreja é comunidade, é uma Assembleia, um grupo de pessoas chamados para se reunirem em comunhão, e isso acontece quando estamos juntos, presencialmente, abraçando, orando, servindo, adorando, consolando, exortando, amando, comendo, ensinando, tudo com a presença física de todos.
Se o comodismo está batendo sua porta, lembre do povo de Israel no momento do retorno dos exilados. Eles moravam no meio de uma cidade destruída e arrasada, e pelo medo e comodismo mantiveram a miséria na cidade, até a chegada de Neemias. Ele não ficou conformado pelo número de pessoas, as dificuldades econômicas e os inimigos que os oprimiam; ele confiava em que Deus lhes abençoaria na reconstrução da cidade. Suas palavras devem de servir de estimulo para despertar nossas vidas hoje, assim como ele fez no passado.
Então eu lhes disse: Vocês estão vendo a situação terrível em que estamos: Jerusalém está em ruínas, e suas portas foram destruídas pelo fogo. Venham, vamos reconstruir o muro de Jerusalém, para que não fiquemos mais nesta situação humilhante.Também lhes contei como Deus tinha sido bondoso comigo e o que o rei me tinha dito. Eles responderam: "Sim, vamos começar a reconstrução". E se encorajaram para esse bom projeto. Neemias 2:17,18Que Deus te abençoe, não permita que o comodismo invada a sua vida!
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