A queda dos ídolos #pandemia #coronavírus #idolatria


Vendo que Moisés demorava para descer do monte, o povo juntou-se em volta de Arão e lhe disse: Levanta-te! Faze para nós um deus que vá à nossa frente, porque não sabemos o que aconteceu a esse Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito. E Arão lhes disse: Tirai os brincos de ouro das orelhas de vossas mulheres, de vossos filhos e de vossas filhas, e trazei-os aqui. Então todo o povo tirou os brincos de ouro das orelhas e os levou a Arão. Ele os recebeu de suas mãos e deu forma ao ouro com um cinzel, fazendo dele um bezerro de fundição. Então eles exclamaram: Ó Israel, aí está o teu deus, que te tirou da terra do Egito. Vendo isso, Arão edificou um altar diante do bezerro e proclamou: Amanhã haverá festa ao SENHOR. No dia seguinte, eles se levantaram cedo, ofereceram holocaustos e trouxeram ofertas pacíficas. O povo sentou-se para comer e beber, e depois se levantou para se divertir. Êxodo 32.1-6
 A história do bezerro de ouro é trágica em todos os sentidos. Um povo que não sabe adorar a Deus, um líder que não sabe o quê fazer, uma decisão fundamentada na tradição, e um louvor sincrético.

Um povo que não sabe a quem adorar

O povo achou que Moisés tinha morrido, e clamam a Arão para que ele lhes dê outro deus para adorar.

Parece que o povo de Israel adorava Moisés e não o Senhor, porque se olharmos bem o texto, eles não clamam pela presença do Senhor ao Arão, eles clamam por Moisés. O que parece um absurdo.

O povo não queria adorar a um Deus Invisível, queriam um deus visível. Moisés era, aos olhos de Israel, um deus: foi ele quem se enfrentou com Faraó, o agente das aparições das pragas, quem os libertou do Egito, quem abriu o Mar Vermelho, quem providenciou o Maná no deserto e a água na rocha. Para Israel, Moisés era o todo e não o Senhor.

Na falta de Moisés, o povo pede a Arão que lhes faça algum deus para adorar.

Nós dizemos que adoramos e amamos ao Único Deus, mas as nossas esperanças são determinadas pelo Deus a quem servimos: se a minha esperança está nos homens, eu serei um fanático e ficarei cego perante seus defeitos e fraquezas, colocando a culpa nos outros. Isso é comum nas seitas e líderes políticos e religiosos carismáticos: o povo vá trás eles cegados pelo carisma e atraídos como o insecto é atraído à luz elétrica. 

Em quem está sua esperança? Aí estará sua adoração e é o seu Deus. Não se engane.

Um líder que não lidera

Arão teve a oportunidade de direcionar as pessoas a Deus, mas resulta que ele também estava confundido. Ele não sabe a decisão a ser tomada porque sempre confiou em Moisés, porque era Moisés quem ouvia a voz de Deus e não ele. Arão, num sentido, "encostou-se" espiritualmente em Moisés, e nunca tentou conhecer o Senhor pessoalmente.

Na hora em que o povo precisava de um líder que os levasse a Deus, Arão os levou para os despenhadeiro.

Liderar não é atrair o povo para si, mas para Deus. Um bom líder saberá evitar que a egolatria o domine, e ouvirá a voz de Deus antes que a sua experiência ou tradição.

Arão também sofria da idolatria, ele esperou em Moisés, e Moisés não aparecia. A sua decisão foi um desastre, falhou na hora em que todos esperavam dele.

Lideramos as pessoas a Deus ou aos nossos ídolos? A nossa esperança será a rocha onde direcionaremos outros na hora da aflição. Se a nossa rocha for um castelo de areia, pois seguiremos presas das circunstâncias, do pecado e Satanás.

Para onde está liderando sua família, amigos, igreja ou sociedade?

A tradição marca o caminho da adoração

Arão fez a coisa mais simples, apelou ao "senso comum".

Todos conheciam o deus Ápis dos egípcios, representado por um touro, Arão fez então uma representação dele. Apelou a algo conhecido, tradicional, com que aprenderam a conviver depois de 400 anos morando na terra de Gósen.

A idolatria apela a sentimentos de segurança no passado. A nossa esperança sempre nos leva para o passado, onde lembramos aquilo que já foi feito pelo nosso deus, e nos dá garantia que será fiel no presente. Para os israelitas foi aquele ditado "rei morto, rei posto", porque na ausência de Moisés, era necessário adotar outro deus, e assim, voltando atrás, adotaram Ápis.

A nossa esperança está fundamentada no passado. Se o Senhor Deus foi fiel no passado, sei que Ele será fiel hoje e sempre. Porém, eu posso fazer isso com o meu ídolo.

Como sei isso? Porque, para justificar o seu presente, eu falo do que fez no passado com convicção, sabendo que esse ídolo permanecerá constante e fiel. No inglês existe uma palavra para falar de esses pontos de confiança no passado, de momentos que marcam nossa história, a palavra é "milestone"; o Deus a quem adoramos aparece nos nossos "milestone" como ponto de confiança.

De quem falamos para justificar nossa esperança? Quem é o nosso "milestone" nesta hora?

O sincretismo no louvor

No final, Arão não queria deixar de cultuar o Senhor, ele dedicou o deus Ápis ao Senhor Deus Yahweh.

Misturar os deuses, para justificá-lo com o Senhor Deus, é o sincretismo, uma tentativa de justificar a adoração do deus presente, revestindo-o com as Escrituras, a Lei do Senhor, e o nome Santo do Senhor.

Este é o ponto mais baixo, porém inevitável. Não temos como, se nos chamamos povo de Deus, adorar outro deus, porém, podemos esconder o nosso deus dentro do louvor ao Senhor, misturando e justificando sua presença por meio de argumentos e sutilezas humanas.

O problema é que o Senhor é Zeloso pelo Seu Nome, e não compartilha Sua Glória com ninguém.

A queda do ídolo

Os acontecimentos posteriores são mais trágicos.
  • Moisés ouve de Deus o desvio do povo, e intercede por eles (vv 7-14).
  • Moisés desce com as tábuas, e as quebra após ver a alegria do povo oferecendo sacrifícios ao bezerro (vv 15-19).
  • O povo bebe seu próprio ídolo (v 20).
  • Moisés interpela Arão, e este se justifica covardemente (vv 21-24)
  • Os idólatras são mortos pelos levitas, que permaneceram fiéis perante a idolatria (vv 25-29)
  • Moisés volta a interceder ao Senhor (vv 30-35)
O processo começa e conclui de joelhos perante o Senhor, clamado pelo perdão pela idolatria.

Mas, no caminho vemos alguns aspectos interessantes, que é o que devemos fazer caso tenhamos um ídolo em casa.

Não se justifique

Reconheçamos que estamos praticando idolatria, ao invés de ficarmos como Arão justificando absurdamente: o bezerro foi feito artesanalmente, e ele o qualifica como "saído do nada".

Um ídolo é esculpido, é lapidado, é trabalhado bela e harmoniosamente. Uma vez confrontado, a pessoa tenta diminuí-lo como "não é grande coisa", mas isso não é verdade. 

Não justifique o ídolo pelas reações dos outros. Arão falou que fez isso pela pressão do povo, mas isso não o tornava inocente, pelo contrário, o tornava mais culpável.

"Beberemos" o ídolo no arrependimento

Em algum momento, perante o Senhor, o ídolo será diminuído e moído perante o Poder, a Majestade e a Presença Santa do Senhor. Nessa hora teremos que engolir o nosso ídolo com vergonha e pavor, sabendo que as consequências da nossa idolatria se tornarão visíveis a todos.

Quem vive amarrado ao seu ídolo pensa que será inabalável, mas o dia que sua esperança cair, ele terá que arcar com as consequências da sua tolice. Assim "beberá" da sua idolatria.

O arrependimento não nos exime das consequências, pelo contrário, passar pela correção com humildade é sinal de verdadeira contrição.

"Mate" o ídolo

Está na hora de acabar com a idolatria e a fonte dela. Seja como os levitas, coloque-se do lado do Senhor e não tenha piedade das fontes da sua idolatria.

Não importa o que for, deve tomar sua atitude e acabar definitivamente com isso. Porque, enquanto houver resquícios do ídolo ou das atitudes que o levaram a cultuar o falso deus, o coração nunca será firme perante o Senhor.

Vai doer, será duro, mas é a fidelidade ao Senhor o que está em jogo.

Interceda por misericórdia, e encontre a graça de Deus

Por último, ore e clame em arrependimento e contrição, e reciba a graça de Deus para seguir. Permaneça firme na graça do Senhor, e lembre que somente o Senhor é digno de culto e louvor.

Oportunidade de cultuar ídolos teremos no caminho, mas a nossa fidelidade ao Senhor deve ser inquestionável. Não perca a verdadeira adoração por estar bem com as pessoas, ou para não perder a reputação. Seja um líder que não anda dando ouvidos às pessoas ao invés do Senhor, aprendamos a depender do Criador nas horas das trevas.

Como filhos de Deus, estamos em Aliança com Ele, e que nos torna responsáveis pelas nossas atitudes. Afastemo-nos da idolatria, não importa o nome que ela tiver na sua vida.

Está é a hora da queda dos ídolos, e somente o Nome Santo do Senhor deve permanecer na nossa vida.
Que harmonia existe entre Cristo e Belial?* Que parceria tem o crente com o incrédulo? "E que acordo tem o santuário de Deus com ídolos? Pois somos santuário do Deus vivo, como ele disse: Habitarei neles e entre eles andarei; eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo." "Portanto, saí do meio deles e separai-vos, diz o Senhor; e não toqueis em nenhuma coisa impura, e eu vos receberei." Serei para vós Pai, e sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor todo-poderoso. 2 Coríntios 6.15-18
Fujamos da idolatria.

Que Deus te abençoe

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