Quem matou Jesus? Vários suspeitosos e um culpado


Na história, temos vários suspeitosos à pergunta "quem matou Jesus"?

Pelo menos, dois candidatos surgem imediatamente, um deles histórico e outro que vem surgindo no nosso tempo.

Os judeus

Na Idade Média, os cristãos culparam os judeus por entregar o Messias aos Romanos, o que desencadeou numa perseguição e exclusão dos israelitas na sociedade europeia por séculos. Certamente houve lugares onde foram aceitos, e aqueles que forçosamente abraçaram o cristianismo eram poupados. Mas isso não passava de uma acusação injusta.

Lembremos que Jesus era judeu, e seus primeiros discípulos também. E em momento algum pediu-se aos convertidos que renunciassem aos seus costumes judaicos, nem negar a sua linhagem. Pelo contrário, para eles era motivo de grande alegria ver a promessa cumprida dada pelos profetas em Cristo.

Quando a Igreja foi para os gentios, de maneira alguma vemos discursos xenófobos contra os judeus, pelo contrário, vemos a necessidade de união entre os judeus e gentios. A metáfora da oliveira em Romanos 11 deve nos servir de orientação.

Não, os judeus não foram culpados, mesmo que eles gritaram "crucifica-lhe".

A liderança religiosa e política imperante em Israel


Na época moderna, se condena à elite religiosa e política da época: os fariseus, os saduceus, os herodianos e os romanos se uniram contra Jesus. Uma coalizão de inimigos que tiveram um adversário comum: Jesus, tudo por causa de pregar a justiça social e a igualdade.

Vários argumentos se levantam, e alguns deles estão nos Evangelhos e Atos.

A cena da condenação de Cristo pelo povo mostra claramente como os líderes religiosos criaram um complô contra Jesus.
Mas os chefes dos sacerdotes e os líderes religiosos convenceram a multidão a que pedisse Barrabás e mandasse executar a Jesus. Então perguntou o governador: "Qual dos dois vocês querem que eu lhes solte? " Responderam eles: "Barrabás! " Perguntou Pilatos: "Que farei então com Jesus, chamado Cristo? " Todos responderam: "Crucifica-o! " "Por quê? Que crime ele cometeu? ", perguntou Pilatos. Mas eles gritavam ainda mais: "Crucifica-o! " Quando Pilatos percebeu que não estava obtendo nenhum resultado, mas, pelo contrário, estava se iniciando um tumulto, mandou trazer água, lavou as mãos diante da multidão e disse: "Estou inocente do sangue deste homem; a responsabilidade é de vocês". Todo o povo respondeu: "Que o sangue dele caia sobre nós e sobre nossos filhos! " Mateus 27:20-25
E no livro de Atos, Pedro fala disso abertamente.
O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus dos nossos antepassados, glorificou seu servo Jesus, a quem vocês entregaram para ser morto e negaram perante Pilatos, embora ele tivesse decidido soltá-lo.Vocês negaram publicamente o Santo e Justo e pediram que lhes fosse libertado um assassino. Vocês mataram o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos. E nós somos testemunhas disso. Atos 3:13-15
E, os próprios líderes religiosos acusam os apóstolos disso.
Tendo levado os apóstolos, apresentaram-nos ao Sinédrio para serem interrogados pelo sumo sacerdote, que lhes disse: "Demos ordens expressas a vocês para que não ensinassem neste nome. Todavia, vocês encheram Jerusalém com sua doutrina e nos querem tornar culpados do sangue desse homem". Atos 5:27,28
Mas, será verdade?

A realidade da morte de Jesus

Vamos ver o que a Bíblia diz sobre a morte de Cristo, antes de ver quem é o culpado.

Ela nasceu do desígnio de Deus na Eternidade 

Os próprios apóstolos deixaram claro que os líderes religiosos e romanos agiram de acordo com a vontade de Deus.

No primeiro discurso de Pedro, em Pentecostes, ele deixa claro esse princípio.
"Israelitas, ouçam estas palavras: Jesus de Nazaré foi aprovado por Deus diante de vocês por meio de milagres, maravilhas e sinais, que Deus fez entre vocês por intermédio dele, como vocês mesmos sabem. Este homem lhes foi entregue por propósito determinado e pré-conhecimento de Deus; e vocês, com a ajuda de homens perversos, o mataram, pregando-o na cruz. Mas Deus o ressuscitou dos mortos, rompendo os laços da morte, porque era impossível que a morte o retivesse. Atos 2:22-24
E, na oração que fizeram no capítulo 4, também afirmam isso.
De fato, Herodes e Pôncio Pilatos reuniram-se com os gentios e com os povos de Israel nesta cidade, para conspirar contra o teu santo servo Jesus, a quem ungiste.Fizeram o que o teu poder e a tua vontade haviam decidido de antemão que acontecesse. Atos 4:27,28
 Em ambos os textos vemos como Pedro coloca a Soberania, a Eternidade e o Conhecimento Antecipado de Deus (Presciência) no planejamento da cruz.

Na sua carta, vemos como o apóstolo preserva o pensamento para seus leitores.
Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da sua maneira vazia de viver que lhes foi transmitida por seus antepassados, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito, conhecido antes da criação do mundo, revelado nestes últimos tempos em favor de vocês. 1 Pedro 1:18-20
E no livro de Apocalipse está escrito.
Foi-lhe dado poder para guerrear contra os santos e vencê-los. Foi-lhe dada autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação. Todos os habitantes da terra adorarão a besta, a saber, todos aqueles que não tiveram seus nomes escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo. Apocalipse 13:7,8 
Entendendo que a cruz de Cristo foi um evento estabelecido desde antes da fundação do mundo, sabemos que a morte dele obedece ao propósito eterno de Deus de convergir todas as coisas em Cristo (Efésios 1.10), que inclui a salvação da humanidade.

O propósito da vinda de Cristo foi morrer na cruz: expiação, redenção, reconciliação, propiciação, adoção.

Desde aquele momento Jesus começou a explicar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse para Jerusalém e sofresse muitas coisas nas mãos dos líderes religiosos, dos chefes dos sacerdotes e dos mestres da lei, e fosse morto e ressuscitasse no terceiro dia. Então Pedro, chamando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: "Nunca, Senhor! Isso nunca te acontecerá! " Jesus virou-se e disse a Pedro: "Para trás de mim, Satanás! Você é uma pedra de tropeço para mim, e não pensa nas coisas de Deus, mas nas dos homens". Então Jesus disse aos seus discípulos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa, a encontrará. Mateus 16:21-25
Jesus veio para dar sua vida em resgate por nós, sua morte na cruz não foi uma consequência da Sua mensagem, mas parte integral dela. A morte não foi resultado de uma conspiração, ela foi planejada e executada de acordo com o conselho eterno da Trindade. Jesus não morre porque sua mensagem batia de frente contra a liderança religiosa, ele morre porque Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

Então, vamos responder a pergunta: Quem é o culpado?

 O culpado pela morte de Jesus

Numa palavra: eu!
Esta afirmação é fiel e digna de toda aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o pior. Mas, por isso mesmo alcancei misericórdia, para que em mim, o pior dos pecadores, Cristo Jesus demonstrasse toda a grandeza da sua paciência, usando-me como um exemplo para aqueles que nele haveriam de crer para a vida eterna. 1 Timóteo 1:15,16
Eu sou o culpado! Porque meu pecado tinha afastado a misericórdia de Deus da minha vida, e merecia o inferno.
Vejam! O braço do Senhor não está tão curto que não possa salvar, e o seu ouvido tão surdo que não possa ouvir. Mas as suas maldades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso ele não os ouvirá. Isaías 59:1,2 
E teve que ser Ele, quem pagasse o preço da minha culpa, porque era impossível para mim alcançar salvação. Por causa do Juiz e pelo preço da minha condenação, não existe dinheiro neste mundo que pudesse pagar o preço do resgate do meu pecado. A cruz existe por causa do Juízo de Deus.

Como escreveu Paul Washer:
O inferno é a ira do Deus Todo-Poderoso, é a Sua perfeita justiça revelada contra o homem, por toda a eternidade. A morte e o inferno não são consequências naturais do pecado; eles são atuações sobrenaturais de Deus contra o homem pecador. Eles são o juízo de Deus! (tomado do livro: "O Verdadeiro Evangelho", editora Fiel)
 John Piper escreveu:
A gravidade de um crime é determinada, em parte, pela dignidade da pessoa e do cargo que está sendo desrespeitado. Se a pessoa for infinitamente digna, infinitamente ilustre, infinitamente querida e ocupar um cargo de infinita dignidade e autoridade, rejeitá-la é um crime infinitamente ultrajante. Portanto, merece um castigo infinito. A intensidade das palavras de Jesus acerca do inferno não é uma reação exagerada a pequenas ofensas. As palavras de Jesus são um testemunho ao infinito valor de Deus e à desonra ultrajante do pecado humano (do livro: O que Jesus espera de seus seguidores: mandamentos de Deus para o mundo. Editora Vida. citado por Washer)
 O preço que foi pago na cruz foi caro demais, alto demais, porque era o pagamento da minha culpa e condenação que era grande demais. Não há, na cruz, o mérito da minha pessoa, ou a procura de uma realização pessoal; também não é Deus vindo a salvar sua criação por um ato de amor desenfreado. A cruz manifesta a justiça de Deus.
Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: "O justo viverá pela fé". Romanos 1:17
 Quando Jesus, na cruz, fala "Está consumado", o sacrifício perfeito pelo meu pecado entregou sua vida. Nessa hora o perdão veio, a oportunidade de olhar para Deus com um coração limpo, a realidade da reconciliação, da vida eterna, de me tornar filho de Deus pela fé nele.

Conclusão

Poderia seguir escrevendo sobre o assunto, mas vamos deixar algumas conclusões por aqui.

  • Seria impossível pensar que Jesus tivesse morrido pela ação dos judeus, porque então seria assassinato e não um sacrifício voluntário (João 10:15-18).
  • Da mesma forma, um complô dos judeus junto com os romanos invalidaria a expiação, porque Jesus não morreria pelos meus pecados, mas pela ação conspirativa de um grupo de pessoas. 
  • Mas, se Jesus morreu para cumprir a Justiça de Deus por mim, tendo sido planejado desde antes da fundação do mundo, tudo muda: porque eu sei que Deus fez tudo de acordo com Seu desígnio, que não foi algo que planejou acima da hora, mas que obedece a seu propósito eterno. Assim, eu descanso nele, porque sei que tudo que Ele faz é perfeito.
A Bíblia é clara, Jesus morreu no meu lugar.

E você?

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