O que aprendemos com Jesus na escolha dos Doze?


Jesus subiu a um monte e chamou a si aqueles que ele quis, os quais vieram para junto dele. Escolheu doze, designando-os como apóstolos, para que estivessem com ele, os enviasse a pregar Marcos 3:13,14
Sabemos que Deus não escolhe segundo os nossos padrões, na verdade fomos escolhidos segundo o afeto da Sua Vontade (Efésios 1.5), e o parâmetro dele consiste em não enxergar o que os homens comumente usam como requisito, Deus observa o coração do homem, que agirá segundo o coração do próprio Senhor (1 Samuel 2.35; 16.7). E Ele escolhe os que não servem, os descartados, os desprezados pelos homens, os indignos, O Mestre gosta dos cacos quebrados e os transforma em vasilhas preciosas para Seu louvor (1 Coríntios 1.26-30).

O processo de escolha de Jesus dos Doze não foi algo diferente. Ele não fez uma consulta pública com pedidos de CV e indicações (o famoso QI), Marcos relata que Ele subiu ao monte (e Lucas acrescenta que passou a noite inteira orando a Deus), escolhendo posteriormente aos que Ele simplesmente quis, sem se importar pelas opiniões dos outros.

Alguns aspectos que chamam a minha atenção a respeito disso:

Jesus não escolhe qualificados

O fato de Jesus escolher os que Ele quis, nos mostra que não houve entrevistas prévias, ou olhares para determinar desempenho. 

No caso da escolha de jogadores para times importantes, as equipes enviam olheiros especializados em descobrir novos talentos, mas Jesus não precisou de olheiros, Ele é Deus e não precisa disso. Mas, a escolha de Jesus envolveu a comunhão com o Pai, e como o Messias agia no Poder do Espírito, entendemos tranquilamente que a escolha obedeceu a uma ação da Trindade em pleno.

Não ter mérito para o fato de ser escolhido por Jesus é um privilégio que vem pela graça. O que nos torna em eternos devedores, e ao mesmo tempo mais um motivo para louvá-lo por toda a eternidade. Isto se resume numa palavra: graça.

Jesus nos escolhe para estarmos junto com ele

A escolha de Jesus envolveu um treinamento prático. Eles deviam deixar tudo para seguir Jesus aonde ele for. O compromisso de estar junto com Jesus trouxe para os discípulos mudanças profundas nas suas vidas, não somente foi uma mudança nas agendas, foi-lhes dada uma agenda preestabelecida de atividades e eventos marcados pelo próprio Deus. Para os discípulos escolhidos, o treinamento seria árduo e difícil, porque largar tudo para seguir Jesus tem como preço dar a própria vida.

Daí que vemos a um Pedro perguntando a Jesus por uma recompensa, ou compensação por terem abandonado tudo (Marcos 10.28), porque essa era a realidade dos doze. Andar com Jesus era participar da solidão do Mestre, dos desafios da caminhada, dos perigos dos religiosos, das ciladas de Satanás, da falta de descanso e de estar o tempo todo na expectativa da agenda de Jesus. Nada de pedido de folga, nada de canseira ou atitudes de preguiça, se lermos o Evangelho de Marcos podemos entender que a vida dos apóstolos foi extrema.

Seguir Jesus hoje envolve os mesmos desafios, somos chamados a largar tudo com tal de estar perto dele. Estar com Jesus não é somente no momento de oração e estudo bíblico, ou no momento do culto; eles complementam o estilo de vida que devemos ter: estar prontos para a ação, dispostos a servir a todos e a dar a vida pelo Evangelho de Cristo. Seguir Jesus é renunciar a direitos e privilégios, tomando a cruz até acompanhá-lo na sua morte, na esperança de participar da sua ressurreição. Isto pode ser resumido numa frase: discipulado.

Jesus nos escolhe para continuar Sua missão

Jesus os escolheu visando o cumprimento da Missão de Deus no mundo após sua partida. Os discípulos esperavam que o Mestre estaria com eles para sempre, e mais quando Ele ressuscitou dentre os mortos, mas Jesus lhes falou sobre o Poder do Espírito descendo sobre eles com poder após sua ascensão (Atos 1.6-8).

A escolha de Jesus tem um forte caráter missionário, e não tem como ser de outro jeito. O Deus que quis salvar a humanidade perdida, e que desde antes de fundar o mundo estabeleceu a salvação por Cristo, também chamou os discípulos a continuarem esta bela obra: de levar a Glória de Deus conhecida no mundo, mostrando a reconciliação do homem com Ele.

Se seguimos Jesus, com certeza seremos empurrados ao serviço, e deve ser para nós um alto privilégio servir ao Cristo que se entregou por mim, um vil pecador. Aqui entra gratidão, responsabilidade, e um entendimento do perdão que pode ir além de qualquer compreensão no sentido humano. Servir a Jesus é a expressão de um coração que aprendeu a viver aos pés de Jesus, porque sabe que a agenda de Deus já foi escrita para nós, e assim como Jesus manteve Seu relacionamento com o Pai, nós precisamos desse relacionamento para encontrar o nosso lugar dentro da obra de Deus (Efésios 2.10). Isto se resume numa palavra: missão.

Graça, discipulado e missão juntos

Pela graça somos salvos, no discipulado aprendemos a sermos como Cristo, e na missão fazemos que outros recebam de graça o que recebemos, e os ensinamos a que guardem todas as coisas que Ele nos ensinou.

A missão acaba sendo a junção da graça e o discipulado. Gerando outros filhos na fé experimentamos isso com força e alegria, e seremos encorajados a seguir, entendendo que os nossos filhos também farão o mesmo.

Tudo parte do encontro com Jesus, do Seu doce chamado. Da maneira graciosa como Ele nos chama, não pelas nossas obras, mas pela graça.

Somos hoje como os discípulos de outrem: chamados pela graça, a ter uma vida de discipulado continuo, sendo guiados por Jesus a servi-lo. Não temos outra opção. Que Deus nos abençoe nesta caminhada de discipulado.

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