Seguir à multidão vale a pena?

Pela terceira vez ele lhes falou: "Por quê? Que crime este homem cometeu? Não encontrei nele nada digno de morte. Vou mandar castigá-lo e depois o soltarei". Eles, porém, pediam insistentemente, com fortes gritos, que ele fosse crucificado; e a gritaria prevaleceu. Então Pilatos decidiu fazer a vontade deles. Libertou o homem que havia sido lançado na prisão por insurreição e assassinato, aquele que eles haviam pedido, e entregou Jesus à vontade deles. Lucas 23:22-25
Pilatos esteve num momento difícil, como Procurador romano tinha o poder de fazer o que quisesse, sempre de acordo com as Leis da Pax Romana. Mas, como era costume, ele concedia o perdão a um condenado a morte na Páscoa, a pedido do povo.

Tendo Jesus na prisão, os Evangelhos nos mostram um Pilatos querendo soltá-lo. Por um lado, ele queria por não achar mal nele, em segundo lugar, porque sabia que os líderes dos judeus tinham inveja dele, e em último lugar, sua mulher teve pesadelos por causa do Messias.

Todas as evidências - e as não-evidências - apontavam a que Jesus deveria ser solto.

Mas, não podia tomar essa decisão sumariamente, a tradição devia prevalecer.

E por isso, ainda sabendo que era quase uma causa perdida, leva o povo a escolher entre Jesus e Barrabás.

Tiago escreveu que aquele que sabe que deve fazer o bem, e não o faz, comete pecado (Tiago 4.17). Pilatos é o exemplo tácito disso: ele entrega Jesus à multidão, manipulada pela liderança.

Mas, não exculpemos ao povo não, já Jesus tinha mostrado que eles não tinham se convertido. Ele chorou ao chegar a Jerusalém, e deu lamentos sobre Cafarnaum e as cidades da Galileia. O povo seguiu o que os líderes falaram porque estavam convencidos que Jesus merecia morrer. Excluí-los da responsabilidade é acreditar que as pessoas são massa de manobra involuntárias, que não pensam.

O problema que podemos ver é que, pelo visto, a tradição tende a falar mais do que a vida de Jesus.

Até hoje vemos isso. o cristianismo hoje se converteu num clube, onde as pessoas entram para se sentirem melhor, mas não para encontrar a transformação que Cristo vem oferecer. Não se preocupam com morrer, mas com viver ainda mais no pecado, e esperam a bênção do Senhor nisso.

Da mesma maneira, resulta difícil marcar a diferença, andar na contramão. É mais fácil andar com a multidão e mandar crucificar Jesus, do que se posicionar em favor dele mesmo que isso implique a perda do que temos alcançado, dentro da sociedade. Hoje preferimos ganhar o mundo e perder a alma, contrariando as palavras do Messias.

A sociedade, podemos dizer, transformou Deus num objeto que deve conceder os desejos do coração porque nos ama. Tendo uma compreensão do amor fora do padrão bíblico: o amor, na Bíblia, não concede tudo o que queremos. O Amor de Deus nos leva em direção a Ele, a que desejemos ser mais como Ele, lutar contra os desejos e paixões pecaminosos para honrar o Deus e Pai que temos. O Amor corrige, exorta, direciona, protege, alimenta e cuida; mas nunca nos concede a liberdade de pecar e viver do nosso jeito. Mesmo assim, temos preferido esse entendimento de amor que vá contra as palavras de Jesus quando disse que, quem o ama, deve guardar os seus mandamentos.

Estamos dispostos a seguir o mundo, mas não a Jesus. Estamos dispostos a não perder nossas amizades, mesmo que com isso percamos a comunhão com o Cristo. Preferimos os tesouros na terra do que os tesouros celestiais.

Isso nos torna seguidores de Jesus? Não estaremos vivendo uma contradição na nossa alma, e por isso o nosso cristianismo está seco e carente de vida?

O que fazer? Acredito que todos sabemos a solução, mas ela é como aquele remédio antigo, que quando é bebido nos deixa um gosto amargo por muito tempo, mas a melhora é rápida. A Bíblia é doce na nossa boca, mas dentro de nós é amarga porque nos confronta e não nos deixa outra escolha a não ser seguir Jesus sem importar as consequências.

Devemos largar nossa vida e seguir Jesus, e não ser a massa de manobra do mundo.

A todos os que Jesus falou "segue-me" e o seguiram tiveram que deixar tudo. Quem não fez, o próprio Messias lhe falava que não era digno dele (Mateus 8.19-22).

Sigamos Jesus, apesar que isso fará que levemos a nossa cruz e o sigamos até morrer.


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