4 razões para pensar numa nova Reforma


Hoje celebramos os 502 anos da Reforma Protestante, o que não é o nascimento das Igrejas Evangélicas, mas a protesta de Lutero para voltar à Bíblia ao invés de viver nas tradições e mandamentos humanos.

A Reforma Protestante permitiu que muitas pessoas e comunidades, que estavam se reunindo em secreto, de repente se manifestaram sem temor a serem perseguidos, porque souberam que não estavam sós.

O aporte de Lutero é importante, principalmente pelo momento em que viveu: a leitura das Escrituras, principalmente Romanos e Efésios, junto com o aumento das indulgências papais, trouxe nele a coragem de pedir um debate sobre as 95 teses que cravou na Catedral de Wittenberg. Lutero não queria romper com a Igreja Católica, somente queria ver como reformar o que, para ele, eram excessos e heresias dentro do sistema.

A história é conhecida, a Igreja Católica não quis, e aconteceu o rompimento.

Mas, voltamos aqui ao ponto inicial, Lutero não é o fundador das Igrejas Evangélicas, Protestantes e Reformadas. Ele foi o mais famoso, quem teve uma abrangência maior, e motivou muitos a encontrarem nas Escrituras a salvação pela fé em Cristo.

Por que eu falo disto? Porque vemos que o nosso mundo Evangélico está sofrendo um aumento considerável, mas não está sendo acompanhado por uma volta às Escrituras, senão por uma volta a um sistema dogmático, onde o que importa é o aparecer e não a vida.

Por isso, falo de quatro razões (que não são as únicas) que me fazem pensar que precisamos de uma nova Reforma.

Em primeiro lugar, a fé não é mais viva, e sim uma coletânea de frases isoladas. As Igrejas estão cheias de pessoas vazias de Deus. Pessoas se denominando "cristãs" que vivem uma religião e não uma fé; homens e mulheres que fazem o que querem com o pecado e logo dizem que "ninguém pode me julgar"; estão cheios e recitam as promessas de Deus, e não estão nem aí para os mandamentos, seja por desconhecimento ou pelo desejo de não serem confrontados. Uma fé ao gosto do freguês, onde as Escrituras estão ao serviço dos seus pensamentos, e não onde as Escrituras tenham a proeminência, nos confrontando e exortando a termos uma vida mais voltada para Deus e o próximo.

Em segundo lugar, o aumento do amor ao dinheiro, e ver a fé como um fim em si mesma. Vemos, não somente líderes religiosos querendo se enriquecer a expensas da congregação, mas membros dessas e outras congregações mesquinhos, que também não querem que ninguém "mexa no seu queijo". Falar hoje de ofertar, dizimar e doar se tornou em tabu dentro das nossas congregações por medo de serem catalogados de avarentos, por causa dos dois lados da mesma moeda: usar a Igreja como fonte de lucro, manipulando as pessoas com barganhas, igualzinho às indulgências de Tetzel na época de Lutero. Nem falar do "mercado gospel", e toda a denominação "gospel" como se esse nome remitisse a um negócio ou ramo.

Em terceiro lugar, a falta de amor e a ausência da urgência de levar o Evangelho até os confins da terra. Muito ligado aos anteriores, porque se o cristianismo não se vive de acordo com as Escrituras, pois dificilmente pensaremos no outro com a devida compaixão e amor que lhes é devido. O Evangelho não é egoísta, mas a entrega e rendição do que somos e temos em benefício do Reino de Deus, o que inclui todos aqueles que ouvem, e os que ainda não ouviram, o Evangelho. Uma Igreja está engajada nas Escrituras quando seu fervor missionário é grande, porque entende que pensar no outro é maior do que qualquer outra aspiração na vida. Isso faz com que cada irmão na fé seja um porta-voz da mensagem, e sustenha em oração e em contribuição aos que participam do ministério da palavra, para que possam fazer o que muitas vezes estamos limitados.

Em quarto lugar a crescente "politização" da fé, onde o cristianismo é usado como argumento político e filosófico, perdendo sua essência redentora da humanidade. A falta de entendimento bíblico sobre missões torna a Igreja uma associação de caridade, ou num partido político, desalinhando-se assim da sua função. Tentar misturar cristianismo com filosofias, pensamentos políticos, ou viver uma cristianismo liquido nos faz voltar para uma fé vazia de Deus e cheia de "achismos" teológicos, onde as pessoas querem ouvir uma coletâneas de citações, argumentos e pensamentos de homens e mulheres que carecem da iluminação do Espírito para pregar. Nesses casos, é melhor abrir uma ONG ou fundar um Partido Político do que abrir uma congregação.

Os fundamentos da Reforma são vistos nos "5 solas", que são:

  • Somente a Fé: pela fé somos salvos em Cristo, e não as nossas obras.
  • Somente as Escrituras: pelas Escrituras podemos conhecer Deus, e temos a liberdade de interpretá-la à luz dela mesma.
  • Somente Cristo: somente Cristo é o Caminho, o Mediador, o Salvador, quem morreu na cruz pelos nossos pecados.
  • Somente a Graça: pela graça de Deus somos salvos, e não temos mérito algum na escolha de Deus.
  • Somente a Deus toda Glória: fazemos tudo para Glória de Deus, e não para nós mesmos ou para alguém.
Hoje precisamos voltar à Fé em Cristo, fundamentada nas Escrituras, descansando na Graça de Deus, e fazendo tudo para Glória de Deus.

É tão difícil isso? Acredito que sim, porque implica a morte de mim mesmo. Mas, como o próprio Jesus falou numa ocasião, quem quiser perder sua vida por causa dele, vai achá-la. Então vale a pena.

Vivamos uma Reforma permanente à luz das Escrituras!

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