Não perca o olhar!

Mateus 17:3-5  E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.  (4)  Então, disse Pedro a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias.  (5)  Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi.
O Monte da Transfiguração tem uma aplicação valiosa para nós hoje, e é quando queremos ficar iludidos da nossa responsabilidade por causa de estarmos olhando somente um lado da nossa vocação.

Pedro, Tiago e João subiram com Jesus ao Monte para orar, e lá viram o Senhor transfigurado, conversando com Moisés e Elias, conversando sobre a viagem de Jesus a Jerusalém (Lucas 9.31). Pedo, assim como os outros, ficaram maravilhados por semelhante manifestação divina e pediram para ficar sempre ali, no Monte, com Moisés e Elias, desfrutando de algo maravilhoso e inexplicável que somente pode acontecer quando Jesus estiver no nosso meio, embora Marcos escreve que estavam aterrados pelo que viram (Marcos 9.6).

Quando estamos buscando a presença de Deus, seja em oração particular ou na Comunidade de Fé que é a Igreja, estamos num momento íntimo com o Pai, desejando conhecê-lo, ama-lo e adorá-lo sempre. Desfrutamos do prazer e da beleza que há quando contemplamos a Santidade do Senhor, e o nosso espírito se eleva ao ponto de não desejar outra coisa senão a doce manifestação da Glória de Cristo.

Mas, vemos como o próprio Pai é quem faz que eles, literalmente, desçam da nuvem, quando lhes pede que parem de olhar para o que acabaram de ver e olhem para o Filho, Jesus. Porque podemos ficar tão extasiados na Presença do Senhor em adoração, que nos deliciamos do momento e nos esquecemos da Pessoa a quem adoramos. Quer dizer, podemos correr o risco de adorar à adoração e não a Cristo!

Seguidamente Jesus os leva para o campo de ação. Descendo havia um pai atormentado porque seu filho estava possesso e nem sequer os discípulos conseguiram libertar o jovem, e Jesus o libertou. Ato seguido voltou a falar da Sua morte e ressurreição, e se encaminharam a Jerusalém.

Jesus não permitiu que uma experiência sobrenatural se transformasse no sentido de vida dos seus discípulos. Era necessário que eles tivessem uma vida devocional autêntica, pura e real com Deus em adoração, da mesma forma os discípulos deveriam investir tempo na leitura das Escrituras como uma maneira de ouvir a voz de Deus. E ao mesmo tempo não se podiam esquecer da realidade do mundo, da sua necessidade e missão.

Jesus nunca pediu aos seus discípulos a decidirem qual era o melhor: orar ou servir, adorar ou evangelizar, cultuar ou discipular. Para Ele, todas as atividades deviam ser realizadas. A Igreja - nós, que somos o Corpo de Cristo - devemos nos dedicar com zelo à oração, leitura das Escrituras e adoração, tanto de maneira individual como coletiva. E à evangelismo, discipulado, obras sociais e caridade com o mesmo zelo e ardor.

A Igreja não vive para estar somente no Trono entoando músicas, adorando, orando ou cultuando. Ela também deve sair e exercer sua vocação com diligência: fazer discípulos deveria ser tão importante como ir à Igreja. Levar alguém aos pés de Jesus deveria ter o mesmo ardor e desejo do que louvar a Cristo, e ensinar a Palavra deve ser tão valioso quanto ler o que Deus tem reservado para nós.

Por isso, não façamos da devoção e do serviço momentos dicotômicos ou antagônicos, eles são complementares e necessários, assim como as duas asas para os aviões. Se focarmos a nossa vida numa delas perderemos sustentação e cairemos. Mas se nos focamos em ambas teremos sucesso.

Que Deus nos ajude sempre a não perder o foco da nossa vocação: perto de Jesus sempre, servindo aos outros.

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