Profecias e profetas

 "Tenho ouvido o que dizem esses profetas que profetizam mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei. Até quando se achará isso no coração dos profetas que profetizam mentiras, e que profetizam do engano do seu próprio coração?" (Jeremias 23:25-26)
A profecia, como meio de revelação divina, foi importante no período dos reis de Israel, onde eles conseguiram ser a voz de Deus no momento mais decadente da história da nação; seus escritos nos mostram a realidade espiritual dos homens daquela época, e são um registro de como o Senhor Deus não fica iludido da história, nem dos acontecimentos da sociedade.

Porém, há uma controversa sobre a existência do ministério profético nos dias de hoje. Isto vem porque Jesus diz que o último profeta era João o Batista (Mateus 11.13). Embora Ágabo era considerado profeta no NT (Atos 11.28; 21.10) e não era o único (Atos 13.1; 21.8,9) e na perspectiva de Paulo era um ministério vigente (Romanos 12.6; 1 Coríntios 14; Efésios 4.11).

Na história da Igreja por exemplo, os morávios foram bem carismáticos, ao ponto de ter experiências de êxtase nos seus cultos. Com o movimento pentecostal, a profecia voltou a ter um caráter ministerial e místico: pessoas manifestam ouvir a voz de Deus, e transmitem essa mensagem ao povo.

Não quero estabelecer um juízo com relação ao ministério profético, porque não há uma evidência bíblica forte a favor do cessacionismo. E particularmente acredito que Deus ainda pode falar através do seu povo em circunstâncias específicas.

Mas, eu acredito na profecia se mantiver um padrão que vejo na Bíblia. Principalmente em duas questões básicas.


Em primeiro lugar, ninguém pode profetizar aquilo que estiver no seu coração, ou naquilo que acha que é. Não somos deuses para dizer o que vai acontecer, isso é uma prerrogativa divina.
"Pois assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Não vos enganem os vossos profetas que estão no meio de vós, nem os vossos adivinhadores; nem deis ouvidos aos vossos sonhos, que vós sonhais; porque eles vos profetizam falsamente em meu nome; não os enviei, diz o Senhor." (Jeremias 29:8-9)

Tem pessoas que profetizam coisas, e pedem para outros profetizarem aquilo que estiver no seu coração, mas não é isso que a Bíblia diz
 "Viram vaidade e adivinhação mentirosa os que dizem: O Senhor diz; quando o Senhor não os enviou; e esperam que seja cumprida a palavra. Acaso não tivestes visão de vaidade, e não falastes adivinhação mentirosa, quando dissestes: O Senhor diz; sendo que eu tal não falei? Portanto assim diz o Senhor Deus: Porque tendes falado vaidade, e visto mentiras, por isso eis que eu sou contra vós, diz o Senhor Deus. E a minha mão será contra os profetas que vêem vaidade e que adivinham mentira; não estarão no concílio do meu povo, nem nos registros da casa de Israel se escreverão, nem entrarão na terra de Israel; e sabereis que eu sou o Senhor Deus." (Ezequiel 13:6-9)
Nós temos que ter cuidado de tomar o Nome do nosso Deus em vão. Se Deus não falou, não adianta gritar, dizer ou proclamar. Deus é Soberano, e se alguém quiser profetizar, deve ser aquilo que sai da boca do Senhor.
"Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas. Bramiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor Deus, quem não profetizará?" (Amós 3:7-8)
A profecia não vem por vontade humana, aplicou-se na inspiração das Escrituras e pode se aplicar ainda hoje com o desejo de profetizar (2 Pedro 1.21).

Em segundo lugar, a revelação e inspiração estão encerrados, Deus não vai mostrar nada novo, a não ser uma confirmação daquilo que está escrito, de uma maneira que possa ser julgado biblicamente. Ou seja, toda profecia está sujeita a ser julgada.
"E falem os profetas, dois ou três, e os outros julguem.porque Deus não é Deus de confusão, mas sim de paz. Como em todas as igrejas dos santos." (1 Coríntios 14:29; 33)
Julgar a profecia deveria ser uma atividade levada a serio pela Igreja, mas não acontece. Por que? Por causa que estamos com sede de ouvir algo que seja diferente, cumprindo-se o que Paulo falou para Timóteo, que as pessoas teriam sede de ouvir, mas não da Palavra de Deus (2 Timóteo 4.3,4). As pessoas, por outro lado, tem medo de julgar o "profeta" porque é o "ungido do Senhor", mas temos que tomar cuidado com isso. Ninguém está isento de ser julgado por aquilo que diz, e menos se o faz em nome de Deus.

Quando Paulo decidiu ir a Jerusalém, recebeu muitas profecias sobre o que aconteceria com ele, mas não se importou porque estava disposto a ir até as ultimas consequências (Atos 20.22-24; 21.4,10-14). Não foi algo "novo", e Paulo estava ciente de tudo isso.

Assim que, quando alguém chegar com algo "novo" duvide, não creia tudo o que lhe é dito. Inclusive isto que estou postando. Julgue através do olhar das Escrituras, não podemos fugir da Revelação nem do ensino da Palavra.

Voltemos às Escrituras.

Que Deus abençoe você!







Comentarios