A voz profética da Igreja


Miquéias 3:8  Quanto a mim, estou cheio do poder do Espírito do Senhor, assim como de justiça e de coragem, para declarar a Jacó a sua transgressão e a Israel o seu pecado.
Ser profeta não devia ser a vocação mais legal em Israel no período dos reis. Muitos deles foram mortos, perseguidos, humilhados, rejeitados e condenados injustamente por causa da Palavra que de parte de Deus recebiam. De fato, a palavra no hebraico para dizer "Palavra do Senhor que veio a..." tem como outro significado "carga" ou "peso", porque para o porta-voz era algo difícil de dizer.

Jeremias conta sua experiência desta forma:
Jeremias 20:7-11  Seduziste-me, ó Senhor, e deixei-me seduzir; mais forte foste do que eu, e prevaleceste; sirvo de escárnio o dia todo; cada um deles zomba de mim.  (8)  Pois sempre que falo, grito, clamo: Violência e destruição; porque se tornou a palavra do Senhor um opróbrio para mim, e um ludíbrio o dia todo.  (9)  Se eu disser: Não farei menção dele, e não falarei mais no seu nome, então há no meu coração um como fogo ardente, encerrado nos meus ossos, e estou fatigado de contê-lo, e não posso mais.  (10)  Pois ouço a difamação de muitos, terror por todos os lados! Denunciai-o! Denunciemo-lo! dizem todos os meus íntimos amigos, aguardando o meu manquejar; bem pode ser que se deixe enganar; então prevaleceremos contra ele e nos vingaremos dele.  (11)  Mas o Senhor está comigo como um guerreiro valente; por isso tropeçarão os meus perseguidores, e não prevalecerão; ficarão muito confundidos, porque não alcançarão êxito, sim, terão uma confusão perpétua que nunca será esquecida.
Por um lado, Jeremias fala da sua impotência perante o chamado de Deus: o Senhor é maior e mais forte do que ele. Além disso, a impossibilidade de ficar calado: mesmo ele não querendo fazer menção do nome do Senhor ou de denunciar o pecado e suas consequências para a nação, o fogo divino ardia no seu interior. E por último, a certeza da presença de Deus com ele: Ele não o deixaria abandonado.

Essa missão profética de denunciar o pecado, de conclamar o povo para voltar ao Senhor Deus e à Lei é constante ao longo das Escrituras. Desde Moisés até João o Batista, a monarquia, o clero e os poderosos de Israel tiveram que lidar com essa "oposição" vinda do céu. E mesmo aqueles que estiveram nos Palácios (Isaías e Elizeu por exemplo), eles não hesitaram em falar aos reis a mensagem divinamente inspirada, para direcionar os corações dos homens para Deus.

A Igreja no Novo Testamento mantém esse padrão confrontador com o sistema. As lutas pelos direitos dos escravos (Efésios 6.9) por exemplo, ia contra o pensamento da época onde o servo tinha pleno poder sobre o seu servo, podendo inclusive matá-lo se esse era o seu prazer. Da mesma forma, no Livro de Apocalipse vemos como Deus vá triunfar sobre os sistemas corrompidos de poder humanos, estabelecendo Seu Reino Eterno e Poderoso, cumprindo o chamado "Dia do Senhor" anunciado pelos profetas do VT. E no podemos esquecer que o nosso Senhor chamou a Herodes de "raposa" e não atendeu os pedidos dele para ver um milagre, ou ouvir a voz do Mestre. Jesus, também, desconheceu a autoridade de Pilatos, mostrando para ele que a verdadeira Autoridade vem do Pai.

O princípio de Paulo de nos sujeitar às autoridades (Romanos 13) não deve ser entendido em submissão a todo o que o governo diz, na verdade nos chama a uma posição de obediência às Leis sem esquecer do nosso papel profético. Como Igreja temos o dever de exigir das autoridades o cumprimento das Leis, o Estado de Direito, e que a justiça seja feita. Estar o tempo todo defendendo ou acusando o governo por causa das nossas preferências ideológicas é direito constitucional do individuo, mas não da Igreja como Corpo de Cristo. Ela se submete a Cristo como Rei e Senhor, entende que não pertence a este mundo, e compreende que, se chegasse o ponto em que as Leis humanas se tornassem contrários aos princípios estabelecidos na Palavra de Deus, a Igreja deve manter sua Integridade e alinhamento Bíblico.

Não percamos a nossa Missão Profética de confrontar o pecado, não importando quem o cometeu, cheios do Espírito do Senhor, com temor e tremor, e apontando para a Cruz de Cristo, onde o pecado foi vencido e o preço da nossa culpa foi paga

Sejamos Igreja do Senhor, sejamos a referência no meio das conturbações da sociedade.

Que Deus abençoe você.

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