A Igreja Pós-Moderna e a Igreja de Laodiceia... A semelhança é impactante!


Apocalipse 3.14-22
14 Escreve ao anjo da igreja em Laodiceia: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:
15 Conheço tuas obras, sei que não és frio nem quente. Antes fosses frio ou quente!
16 Assim, porque tu és morno, e não és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca.
17 Porque tu dizes: Sou rico, tenho prosperado e nada me falta, mas não sabes que és infeliz, miserável, pobre, cego e nu.
18 Eu te aconselho que compres de mim ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; roupas brancas, para que te cubras e a vergonha da tua nudez não seja mostrada; e colírio, para que o apliques sobre teus olhos e enxergues.
19 Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso e arrepende-te.
20 Estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo.
21 Ao vencedor, eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono, assim como eu venci e me assentei com meu Pai no seu trono.
22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Laodiceia era um centro industrial e comercial do Vale de Lico, perto de outras cidades como Hierápolis e Colossas. Uma cidade com uma ênfase na medicina, pela suas águas termais frias e quentes e pela fabricação de um colírio especial para os olhos. Rica como poucas, com um grande investimento público e privado.

Enfim, uma cidade boa para viver, com crescimento econômico e qualidade de vida, perto de outras metrópoles e tendo cultura e lazer dentro dela.

Nada que invejar das nossas cidades pósmodernas.

A Igreja se estabeleceu nesse "paraíso evangelístico", podendo crescer e ser notória aos olhos da comunidade: Foi uma Igreja rica e poderosa economicamente, usufruindo dos benefícios de viver dentro de uma economia pujante e próspera.

Quem sabe, e ela fosse o berço do Evangelho da Prosperidade?

Brincadeiras aparte, o que Jesus viu foi uma Igreja que refletia os valores do mundo, e não era o reflexo daquele que morreu na cruz por eles.

Observe que eles são uma igreja, uma comunidade de pessoas lavadas pelo sangue do Cordeiro. Não pensemos que eles não eram crentes em Cristo, muito pelo contrário!

1. O Contraste entre Cristo e a Igreja

Cristo

Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus.
Jesus se apresenta como o Amém, aquele que tem a palavra final, e o fim de todas as coisas. Enfatizando que Ele é a Verdade (João 14.6).

Da mesma forma, se manifesta como a Testemunha fiel e verdadeira, em quem não existe o engano. Sendo uma testemunha fiel, sua Palavra sempre vai refletir a verdade. Suas palavras que virão vão testemunhar isso: Ele vai mostrar a verdadeira condição da Igreja, porque Ele não pode enganar nem ser enganado. O politicamente correto não existe em Jesus, sempre foi claro e certo nas suas palavras porque Deus não pode negar-se a si mesmo.

Por último, Ele é o princípio da criação de Deus, a causa e razão pela qual fomos todos criados. O mundo foi feito por Ele e para Ele, o centro da criação é Cristo e não o homem. Somos o reflexo da Sua Imagem, e por isso Ele nos ama. Qualquer outro comentário além disto é rebelião contra Deus, e uma tentativa de nos posicionar como deuses - assim como a serpente quis seduzir a Eva no Éden.

Então, vemos Cristo como aquele que nunca falará mentiras ou exageros, porque Ele é a verdade como Atributo da Sua Divindade. Todo juízo foi dado pelo Pai ao Filho (João 5.22) e é Cristo quem julgará sua Igreja e o mundo com vara de ferro (2 Coríntios 5.10; Apocalipse 12.5; 19.15), e sabemos que o Seu Juízo será segundo a Verdade.

Mas, não podemos pensar que somente seremos julgados na Eternidade, Ele julga sua Igreja ainda hoje (1 Pedro 4.17) de maneira que não sejamos condenados pelo mundo (1 Coríntios 11.32)

Igreja

Conheço tuas obras, sei que não és frio nem quente. Antes fosses frio ou quente! [...] Porque tu dizes: Sou rico, tenho prosperado e nada me falta,

Termas de Hierápolis hoje
 A cidade de Hierápolis fornecia água quente à cidade. Ainda hoje as pessoas viajam e curtem das fontes de águas termais da cidade.  A água fria das fontes montanhosas da cidade de Colossos. Por um sistema de tubos feitos na pedra, se tentou que a cidade tivesse esses benefícios para ela sem tem que sair, o resultado foi que ambas as águas perderam suas temperaturas, se tornando mornas, e não sendo apropriadas para o consumo humano.
Aquedutos para Laodiceia
 As palavras de Jesus com relação a temperatura da água podem se direcionar em dois sentidos: comodismo e falta de propósito.

O comodismo da Igreja. Se para a cidade podemos dizer que foi por achar melhor receber água morna do que ter que ir a se saciar nas fontes de sustento, para a Igreja é justamente pensar que "assim como está é bom demais", ou pensar que não precisam mudar porque são uma igreja que tem tudo o que poderiam ter ou precisar. O que fez deles deixar de (1) depender do Senhor, lhe render louvor, glória e majestade; e (2) se esforçarem em crescer na humildade, no crescimento espiritual e na vida de serviço.

Da mesma forma, cresceu a dependência humana, nas suas forças e capacidades, tornando a igreja um centro humanista ao invés de cristocêntrico.

A falta de propósito porque o efeito terapêutico da água quente, e o refresco da água fria se perde, tendo uma água que ninguém gostaria de beber. Assim, a igreja tinha deixado de exercer sua influência no mundo: não cura nem sacia, é o sal que perdeu o seu sabor, é a luz que ficou escondida dentro de casa.

Nós podemos ver as duas características em algumas pessoas que assistem as nossas reuniões hoje ao longo do mundo Ocidental:uma apatia na hora de envolvimento nas disciplinas espirituais, o sentimento que "está tudo errado" e "alguém tem que fazer algo" mas nunca será ele, o desejo de ter um culto à carta e não uma reunião cristocêntrica, uma vida que se baseia no eu e não em Deus, e por último, o desejo de ter acima da responsabilidade de dar.

O que Jesus tem a dizer dessa Igreja?

Estado Espiritual

Assim, porque tu és morno, e não és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca.[...]
mas não sabes que és infeliz, miserável, pobre, cego e nu.

As palavras de Cristo são duras e difíceis de engolir. Vomitar é uma reação própria do corpo humano para se manter saudável. E para Jesus, era melhor vomitar um grupo de pessoas pecadoras do que adoecer o Corpo dele, a Igreja.


O estado de miséria de uma Igreja que tinha se tornado completamente mundana é rejeitado por Cristo, e não há sombra de dúvida que a mensagem foi dada esperando um reconhecimento da frouxidão espiritual e posterior arrependimento deles.

Por outro lado, o estado espiritual da Igreja era um contraste com o estado material:


Condição da Cidade Condição da Igreja
Cidade Turística Infeliz
Poderosos na Região Miserável
Ricos como poucos Pobre
Colírio para os olhos Cego 
Comércio de Lã Nu

 Uma tristeza para uma Igreja que teve uma ocasião única, em contraste com as Igrejas pobres da Acaia e Macedônia! Porém, elas foram fieis na hora de dar para a obra missionária, e apoiar Igrejas que passaram por necessidades.

Exortações

Eu te aconselho que compres de mim ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; roupas brancas, para que te cubras e a vergonha da tua nudez não seja mostrada; e colírio, para que o apliques sobre teus olhos e enxergues. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso e arrepende-te. Estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo.

Arrependimento

Jesus tinha falado no Sermão do Monte sobre fazer tesouros no céu, onde o ladrão não rouba, e não fica enferrujado (Mateus 6.19-21). Por isso, como a Igreja era Pobre aos olhos de Cristo, ela precisava se concentrar naquilo que era realmente importante: voltar a Cristo.

"Comprar ouro" era - e ainda é - se encher da vida de Cristo em nós: na oração, na leitura da Palavra, na vida devocional, na prática da santidade.

"Roupas brancas" que são as obras justas dos santos (apocalipse 19.8) em contraste com a impiedade em que estavam (lembrar da nudez de Adão e Eva antes e depois do pecado).

"Colírio" porque tinham escurecido a visão por causa do pecado e do engano de Satanás (2 Coríntios 4.4)

Não podemos deixar de lado que o chamado de Cristo ao arrependimento é para uma Igreja pela qual Ele morreu, por isso a exortação pode parecer dura, mas na verdade Ele espera uma atitude positiva deles com relação a Deus, e negativa com relação ao pecado.

Restabelecimento da Aliança

Jesus falou que onde dois ou três estivessem reunidos, Ele mesmo estaria no meio deles (Mateus 18.20). Mas nesta Igreja Ele está de fora!

O desejo de Cristo de "entrar" e "cear" com a pessoa remete as Alianças feitas na antiguidade, onde as pessoas ofereciam sacrifícios, e depois comiam para selar o Pacto.

Cristo já se ofereceu como o sacrifício perfeito pelos nossos pecados, quando voltamos nossos olhos ao Senhor, Ele quer nos restaurar, voltar à comunhão, e ter mais uma vez um renovo na nossa vida espiritual.

Não importa a condição espiritual na qual podemos estar, Ele é fiel para nos perdoar e restaurar. Assim como o pai do Filho Pródigo esperou e aguardou pela volta dele, Deus está nos oferecendo a possibilidade de restaurar a nossa comunhão. Num ambiente de dor pelo pecado, mas de amor por causa da obra dele na cruz!

Ao Vencedor - Porque nem todos vencem

Ao vencedor, eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono, assim como eu venci e me assentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.

Vencer a decadência do comodismo, da indiferença, da apatia, da procura do eu e da perda da espiritualidade tem sua recompensa, que para Jesus é uma só: assentar no Trono juntamente com Cristo.

Jesus falou que tinha vencido o mundo (João 16.33) e João escreveu que o que vence ao mundo é a nossa fé em Cristo (1 João 5.4).

Se Cristo está em nós, podemos vencer o sistema imperante neste mundo humanista, hedonista e autossuficiente. Com Ele é possível vencer.

Precisamos mais do que nunca voltar a Cristo, nos render perante Sua Santidade, entregar o nosso coração para nos consagrar Àquele que se entregou e morreu pelos nossos pecados.

Deixemos de lado a apatia e a frieza espiritual. O tempo de buscar a Deus é agora!

Que Deus nos abençoe.

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