O papel dos Seminários na história da Igreja e suas implicações para o dia de hoje (final)

Esta é a última parte do artigo


Propostas de Reforma

Carroll e a necessidade de ensinar ética e contextualizar a teologia à realidade presente
Para Carroll (1998) existe uma inquietude sobre avaliar e reformular a educação teológica evangélica, embora muitas correntes de pensamento cristão concordam disso, a maneira como ela é abordada varia segundo a denominação e a linha teológica.
Levando suas inquietudes ao contexto Latino americano, pode se ver com as pressões contextuais que demandam respostas éticas. Existem varias propostas e variantes que pretendem dar uma resposta, além de visar o crescente avance do pós modernismo no contexto atual. Para ele, uma das soluções é ensinar uma ética que seja real.
Deve se ampliar o conceito que se tem de ética, não simplesmente no contexto pessoal, mas também o contexto social: pobreza, racismo, corrupção entre outros precisam ser ensinados nos centro de estudo, e sobre esses temas a Bíblia tem muito de que falar. Além disso é necessário fazer uma analise das diversas ideologias e tendências que marcaram a vida da Igreja no contexto Latino Americano, compromissos e posturas que não são segundo os padrões bíblicos, preconceitos, costumes e outras que poderiam socavar as bases para a mudança de pensamento que está acontecendo no mundo hoje. Também é bom pensar em fazer curriculum flexíveis para enfrentar este mundo cambiante: o formando precisa de respostas teológicas e pastorais que sejam úteis, assim como confiáveis por estar cimentadas na Palavra de Deus. A idéia central (que tem como defensor a Carroll) é de incluir novas aulas direcionadas ao nosso contexto. Também avaliar os cursos atuais para ver como introduzir temas de hoje no ensino, ou seja, que os alunos possam refletir sobre diversos temas baseados na Bíblia.
Mas não é simplesmente o curriculum, o jeito de ensinar tem que ser mudado, as Instituições de ensino precisam se adequar a sua tarefa, de como dar informação teológica, bíblica e pastoral ao estudante. Precisa-se que a educação seja vista como um processo na qual o aluno seja quem pesquise e procure a verdade, e não um mero ouvidor das aulas, o educador tem que se ver como um agente de cambio. Se precisa contextualizar os métodos de ensino-aprendizagem ao contexto Latino Americano.
Para Carroll existe a esperança de ter uma teologia Latino Americano sadia, mas para conseguir atingir desse alvo é necessário que dependa “de uma clara conceptualização da missão baseada no texto bíblico e de uma analise agudo da educação que quere preparar estudante para isso” (p.55)
Carriker e a democratização do ensino
Carriker deseja que os centros de ensino (incluindo os seminários) adotem um sistema, que ele denominou, democrático-social, na qual o conhecimento se constrói, entre o aluno como agente ativo do aprendizado, e o professor como mediador e especialista no processo de aprendizagem. Portanto o conhecimento é dinâmico, provisório, contextualizado e relativo. As fontes são os livros e outros recursos a disposição do aluno (CD, DVD, Internet). Em fim, um aprendizagem que difere do sistema tradicional.
Breckinridge e o seminário como centro de treinamento de crentes amadurecidos
Mas também existem outros pensadores que não se preocupam com o ensino, mas pelo aspirante, para Breckinridge, falar que os os seminários teológicos são escolas de treinamento para o ministério. Essa afirmação é correta porém exagerada em ocasiões. Porque o treinamento não é simplesmente o trabalho do seminário, inclui a Igreja que envia ao vocacionado. Para Breckinridge “o seminário é apenas um instrumento à disposição do presbitério, como auxílio no treinamento dos jovens aspirantes ao ministério” (p.1). Para este autor, mais que ser o seminário um lugar onde se cultive a piedade do vocacionado, ele deveria ser um lugar de cultivo do conhecimento, porque, segundo ele, o seminário não é para iletrados ou ímpios “jovens destinados ao seminário devem ir para lá somente após terem adquirido a educação comum a todos os homens educados, e que tenham progredido em piedade ao ponto de serem considerados homens especialmente piedosos na comunidade” (p.1).
Para ele os seminários devem-se encarregar de suprir aos candidatos ao ministério o treinamento específico, que é a prossecução do trabalho especial do ministério. O seminário passa a ser um complemento, que dá aquelas coisas que ainda carece o homem piedoso e de cultura ampla, para poder exercer com sucesso seu ofício de ministro do evangelho.
O seminário deve preparar pessoas para cumprir a missão de Jesus: pregar o evangelho, trazer pessoas à salvação, a função do ministro, segundo Breckinridge, “é aplicar o Evangelho da salvação a homens perdidos, para que possam assim ser salvos da culpa, corrupção e poder do pecado.” (p.2), para poder pregar esse evangelho, ele precisa de conhecer integralmente o conteúdo dele, o suprimento desse conhecimento é função do seminário.
Os momentos que se vive atualmente fazem prioritário que o ministro conheça o evangelho integralmente. O evangelho vem codificado, e o ministro precisa estar habilitado para decodificá-lo por si mesmo. Para isso o ministro deve conhecer a linguagem na qual o Evangelho é escrito; e ser habilitado para extrair dos documentos seu exato significado. Além disso, o ministro precisa conhecer a mensagem assim extraída, na sua totalidade, em todo seu alcance, em sua correta perspectiva, e em justa proporção. Deve apresentar a mensagem de forma atraente, aplicando-a com proveito, ponto por ponto, de acordo com as necessidades emergentes. Deve defender o evangelho que prega e conhecer a história que o evangelho tem esculpido para si mesmo ao longo das eras desse mundo. Como conclusão, ele estabelece que a função do seminário não é simplesmente fazer letrados, sinão transformar letrados-santos em pregadores do Evangelho.
Cheung e o problemas das Igrejas
Para Cheung, o problema não é o seminário em si, sinão a Igreja que não tem as ferramentas de como preparar aos vocacionados. Segundo ele o seminário presenta vantagens sobre uma igreja no relacionado com a comunidade de eruditos, biblioteca e outras coisas. Porém, se igreja assume o ensino de forma séria, a diferença entre ambas será apenas de grau.
A proposta dele é que se precisa um modelo de treinamento de Cristo e os apóstolos, para ele o problema é que não têm sido adotado realmente.
Para ele, alguns graduados em seminário são orgulhos e indignos do ministério. Para ele, o diploma não significa competência. Por isso ele escreve que, no caso dele precisar de um graduado de seminário, não deixaria que ensina-se na congregação imediatamente. Passaria por um processo de provação, onde ele tem que fazer todos os tipos de trabalhos servis, testaria o caráter dele em diversas situações. E depois começaria a ver a área bíblica e doutrinária.
Ele ainda dá umas recomendações ao seminário com relação aos seminaristas “ ele pode fazer com que os estudantes façam todos os trabalhos de porteiro. Mas os seminaristas podem considerar isso irrealizável por muitas razões, e até mesmos aqueles que estão dispostos a implementar algo parecido com isso podem não fazer esse trabalho tão bem quanto uma igreja pode” (p.4).
Por último, Cheung escreve que o ponto principal dele não é abolir os seminários, é que as igrejas deveriam se esforçar em melhorar seus ministérios de ensino, em treinar tanto doutrina como caráter. Se isso fosse assim,a igreja “seria o melhor ambiente para se levantar seus próprios obreiros e líderes” (p.5).
Conclusões
O seminário, como instituição, está tendo a necessidade de se adequar ao mundo presente. Ela deve se avaliar em quanto a sua alcance, seu ensino, e a forma como ela leva a prática a doutrina. Mais que pensar si ter o não um seminário é pertinente ao dia de hoje, a pergunta deve ser se o que se ensina fornece ferramentas que possam leva a mensagem de Jesus a este mundo perdido. Não adianta pensar em melhorar o currículo sem melhorar o ensino, nem pensar em formar homens e mulheres sem conhecimento da ética cristã para fatos atuais. Mas a Igreja tem uma labor vital neste processo: a seleção de pessoas que sejam íntegras e idóneas para o chamado de Deus ao ministério.

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